domingo, 1 de setembro de 2013

Sempre me perguntei como estudar para PI, dado que ocorre tanta, mas taaaanta coisa no mundo que é impossível ler todos os jornais e gravar os dados. Até que luzes abençoadas me disseram que devemos é ler o site do Itamaraty. Eu sempre lia o site quando fazia estágio, mas esse ano quase não acompanhei (ai que burra!). Sério, é algo básico, todo mundo sabe que é importante. Mas, como o site do Itamaraty é muito técnico e não mostra tanto as discussões do exterior (mais as do âmbito interno, é claro), creio que muitos fazem igual a mim e o relegam a segundo plano, dando prioridade a Foreign Affairs e ao Le Monde Diplomatique para saber da crise no Oriente Médio ou dos conflitos nas fronteiras dos Estados Unidos. Acabamos achando - ingenuamente - que o que devemos saber é o que está na mídia. Principalmente quem estuda por conta, acaba por não ter esse "click" muito importante.
E esquecemos do básico - saber o que acontece com minúcias no Brasil! Afinal, a tendência da prova é essa.

Ululado é o prolongamento do uivo dos cães :)
Não digo que não devemos ler os outros periódicos. Mas tente usar como um exercício para estudar inglês/francês/espanhol. Leia algumas notícias curtas diárias (porque das longas pouco se lembra e também não se aprende muito da estrutura), tente aprender umas 5 palavras com cada, cuide a estrutura gramatical: colocação de pronomes (em espanhol é muito importante), ordem direta/indireta das frases, etc. Ou seja: una o útil ao agradável. Além de tudo, esse tipo de conteúdo é mais propício de cair em geografia ou história do que propriamente em PI (em que se pede muito da política externa brasileira).

Assim, terei que correr atrás do prejuízo e fazer um "revival" de tudo o que aconteceu, rsrs...

Mas fica a dica, para estudar atualidades para PI, leia e anote as notas que saem no site do Itamaraty. Até porque nos jornais saem opiniões diversas, muitas vezes "atacando" o governo, o que você obviamente não se atreverá a fazer em uma prova.... para concorrer a um cargo público!

Portanto, acho que o mais adequado para falar sobre a "troca de Chanceleres" é ler os discursos do site. A gente sabe do imbróglio que causou isso, mas também não há como tirar conclusões; o governo ainda está estudando seus passos. O que nos resta fazer é observar, nos informar (de maneira não apaixonada, através dos periódicos com posicionamentos e críticas fortes, muito menos pelos comentários da televisão), e estudar o que é possível: asilo é direito humano? Há a obrigação em conceder salvo-conduto, e o que obriga a isso?

Saída de Patriota e o novo Chanceler, Figueiredo.
De qualquer maneira, se você não acompanhou muito e quiser ter uma ideia geral de toda a situação, no G1 saiu comentários de ex-diplomatas sobre o Patriota - muitos já diziam que ele iria sair ou não continuar no caso de uma possível reeleição da Dilma (ao contrário de Amorim, que ficou). Leia aqui . No Terra saiu um pequeno panorama sobre o novo Chanceler, Luiz Alberto Figueiredo Machado aqui.


Abaixo,  o discurso do Embaixador Patriota. Um exercício interessante àqueles que não tem como estudar inglês em cursinho, ou moram longe dos grandes centros, ou então, querem treinar mais ainda, é traduzir o texto e comparar com o site (sempre vem abaixo do original em pt). Depois, estudar a estrutura, os erros, etc. 

Nota nº 299

Discurso do Embaixador Antonio de Aguiar Patriota na cerimônia de posse do Ministro de Estado das Relações Exteriores

Palácio do Planalto, 28 de agosto de 2013
Não há honra maior para um diplomata de carreira do que servir como Chanceler da República. Serei eternamente grato a Vossa Excelência pela oportunidade que me foi oferecida de trabalhar pelo Brasil em um momento em que nosso extraordinário País desponta como um dos principais atores do século XXI. 



De Vossa Excelência, tive a satisfação de sempre receber orientações precisas e equilibradas, que ao longo de minha gestão à frente do Itamaraty inspiraram nossa diplomacia a aprimorar-se e a elevar a qualidade de sua atuação na formulação e implementação da política externa brasileira. 

Agradeço igualmente a Vossa Excelência pela nova oportunidade que me oferece ao indicar-me para chefiar a Missão do Brasil junto às Nações Unidas. Trata-se de área que me remete à origem de minha carreira diplomática, quando comecei como jovem terceiro-secretário na Divisão das Nações Unidas. 

Para substituir-me nas funções de Ministro das Relações Exteriores, não poderia haver melhor escolha do que o Embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, amigo e colega desde que dividimos a mesma sala em 1981. 

O Embaixador Figueiredo exibe um dos currículos de realizações mais expressivos entre os diplomatas de nossa geração, particularmente em área em que o Brasil exerce liderança inquestionável no plano internacional, nos temas ambientais, climáticos e de desenvolvimento sustentável. 

Talvez mais simples seja dizer que Luiz Alberto Figueiredo é o diplomata que produziu "O Futuro que Queremos" na Conferência Rio+20. 

Nesta oportunidade, não posso deixar de manifestar meu mais profundo agradecimento à cooperação que recebi em minha gestão por parte dos demais Ministros de Estado. 

O Itamaraty, pela natureza de suas atividades, exerce suas funções em estreita coordenação com os demais Ministérios e órgãos de Governo, sempre com o objetivo compartilhado de buscar a eficiência governamental na defesa dos interesses nacionais. 

Senhora Presidenta, 

Vossa Excelência está construindo um País capaz de erradicar a pobreza extrema, de distribuir a riqueza de forma inclusiva, de crescer de forma sustentada e desenvolver-se na sustentabilidade, em um ambiente de democracia, pluralidade e respeito aos direitos humanos, com atenção à voz das ruas. 

O Brasil é um País que reflete em sua política externa os mesmos valores e as mesmas prioridades que o mobilizam no plano doméstico. 

A política externa do Governo de Vossa Excelência foi construída sobre as bases sólidas herdadas do período 2003-2010. A plataforma de inserção do Brasil, forjada na última década, consolidou-se e atualizou-se em seu Governo. 

O aprofundamento da integração regional se tem feito acompanhar da ampliação e da dinamização das relações com um número cada vez maior de parceiros em matéria de comércio, investimentos, ciência, tecnologia e inovação. A contribuição ativa aos grandes debates políticos e conceituais tem sido acompanhada pelo alcance verdadeiramente universal da diplomacia brasileira. 

De janeiro de 2011 a julho de 2013, Vossa Excelência realizou 37 viagens ao exterior. No mesmo período, o Brasil recebeu 48 visitas de Chefes de Estado e de Governo estrangeiros. Como Ministro das Relações Exteriores, até julho de 2013, participei de mais de 180 atividades no exterior, entre visitas bilaterais, eventos multilaterais e acompanhamento de Vossa Excelência. Durante os dois últimos anos e meio, o Brasil foi visitado por Chanceleres estrangeiros em 91 ocasiões. 

São números contundentes que expressam o novo padrão da inserção internacional do Brasil. E reflexo desse padrão é também o fato de termos conquistado importantes posições internacionais em entidades como a Organização Mundial do Comércio e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. 
Nesse contexto, permito-me expressar minha especial satisfação com o fato de que, durante minha gestão, o Brasil venceu todas as eleições para postos internacionais que disputou. 

Senhora Presidenta, 

O aperfeiçoamento da ação da democracia brasileira envolve uma abertura crescente do Governo à contribuição da sociedade civil. Nesse espírito, o Itamaraty vem adotando iniciativas específicas que apontam na direção de uma diplomacia mais aberta à interação com a sociedade. O Ministério das Relações Exteriores quer sistematizar essa interação de maneira permanente e institucional. 

Durante minha gestão à frente do Ministério das Relações Exteriores, compareci regularmente a audiências públicas nas Comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara e do Senado Federal. Essas ocasiões me permitiram apresentar fatos e compartilhar análises sobre as esferas de atuação do Itamaraty.


Em meus contatos com o Parlamento e a sociedade civil, pautei-me sempre pelo compromisso com a transparência. Nenhum assunto foi evitado, por mais sensível que fosse, inclusive aqueles relativos à situação do Senador boliviano Roger Pinto Molina. 


O Governo brasileiro ofereceu proteção ao Senador Roger Pinto em estrito cumprimento a suas obrigações estabelecidas na Convenção de Caracas sobre Asilo Diplomático. Durante o período em que o Senador esteve asilado na Embaixada do Brasil em La Paz, o Governo brasileiro agiu sempre no respeito à soberania boliviana, sem deixar de buscar – por intermédio de mecanismo específico que se reuniu diversas vezes ao longo dos últimos 5 meses – solução negociada e juridicamente sólida que garantisse o trânsito seguro do Senador para o território brasileiro. 

A atuação independente de servidor em La Paz, em assunto de grande sensibilidade e sem instruções, representa conduta que não pode voltar a ocorrer. Por força de nosso trabalho, a diplomacia brasileira conquistou respeitabilidade e credibilidade. Estou certo de que continuará assim. 

Aos servidores do Itamaraty, no Brasil e no exterior, que pautam sua atuação por elevado grau de responsabilidade e ética profissional, desejo dirigir, por intermédio do Senhor Secretário-Geral, o Embaixador Eduardo dos Santos, os meus mais profundos agradecimentos. A eles presto minhas homenagens neste momento. 

Quero fazer, por fim, uma referência aos jovens brasileiros que veem na diplomacia uma opção profissional de valor. E, ontem mesmo, eu recebi um e-mail que muito me comoveu de um estudante de 15 anos que dizia que seu maior sonho é servir o Brasil no exterior. A todos vocês, quero transmitir meu entusiasmo para que se associem ao nosso trabalho, unidos pela confiança que nutrimos na grandeza desta Pátria e na capacidade renovada do Brasil de viver a paz e a prosperidade e privilegiar o diálogo entre as nações. 

Muito obrigado.

*grifei

3 comentários:

  1. 49,15 a nota de corte, Maria. Esse ano foi o concurso foi mortal...abraço

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  2. Maria, fiquei entusiasmada com a informação que você deu sobre o site do MRE. Mas não encontrei as traduções para os discursos. Você poderia explicar como encontrá-las?

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  3. Olá, Anônimo! As traduções que eu falo são das notícias, sobre as reuniões, dos memorandos... acho que há de alguns discursos, quando saem nas notícias. Elas aparecem logo abaixo do texto. Abraços!

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