quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

NOVA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES TERÁ DESAFIOS NO ITAMARATY E NO MERCOSUL




Os futuros integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) vão lidar, a partir das próximas semanas, com temas de grande urgência, como a crise financeira no Itamaraty e a piora das relações no Mercosul. Tanto o custeio e o pagamento de serviços em embaixadas e consulados brasileiros quanto a queda no volume de comércio dentro do bloco econômico preocupam senadores ouvidos pela Agência Senado.

Em discurso na segunda-feira (9), o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da CRE até janeiro passado, disse ter novas expectativas com a mudança no comando do Itamaraty, assumido pelo embaixador Mauro Vieira.

— Como na economia, as mudanças precisam vir dentro do espírito de que é necessário mexer, sim, em time que está perdendo. Essa é a nossa modesta e humilde esperança no momento com relação ao Itamaraty e à nossa política externa — afirmou o senador.

Ferraço traçou um painel da situação das embaixadas brasileiras na África. Segundo o senador, o déficit comercial do Brasil com 54 países africanos triplicou entre 2010 e 2013. De acordo com o Jornal da Globo, a embaixada brasileira em Nairobi, capital do Quênia, teve as linhas telefônicas cortadas no último dia 22 de janeiro por falta de pagamento.

Mas a falta de dinheiro não se restringe às representações do Brasil na África. Há dificuldades em países como Japão, Portugal, Canadá e Estados Unidos.

A senadora Ana Amélia (PP-RS), que gostaria de ser membro titular na próxima composição da CRE, cobra uma solução para o problema desde meados do ano passado, até em função das necessidades pelas quais estão passando os servidores de representações diplomáticas.
— É uma situação muito séria: pagamentos atrasados, compromissos pessoais assumidos e esse contingenciamento numa área sensível como o Itamaraty. Porque não é aqui no Brasil, é fora. Então fica mal também o Brasil — disse a senadora.
Para Ana Amélia, o governo, ao apoiar as medidas de corte no contingenciamento orçamentário, deve estabelecer limites — uma postura que deve ser cobrada do governo pela CRE.

—- Nós vamos, na comissão, nos encarregar de cobrar isso do próximo presidente, para que se envolva na solução desses problemas — prometeu a parlamentar pelo PP.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) vê a crise no Itamaraty como resultado de má gestão por parte da presidente da República. Segundo ele, Dilma Rousseff diminuiu a presença internacional do Brasil que Lula e Celso Amorim tinham conseguido fortalecer.
— Falta de recursos para as embaixadas; demora em substituir embaixadores; demora da presidenta em receber embaixadores estrangeiros para a apresentação de credenciais; falta de uma linha clara de relacionamento do Brasil com as diversas nações do mundo, inclusive com aquelas que o Lula fez um esforço, que foram as da África e da América Latina — citou o senador como problemas da atual política externa.
Cristovam lamentou a situação, até por acreditar que as relações exteriores não exigem tanto orçamento.

— Educação, se você não colocar R$ 10 ou R$ 20 bilhões, você não dá salto. Nas relações exteriores, se você colocar R$ 100 ou R$ 200 milhões, você dá um salto considerável na presença do Brasil. E eu espero que nos próximos meses haja uma mudança nisso — afirmou.

Mercosul
Os três senadores alertam ainda para a situação crítica do Mercosul. Segundo Ferraço, o projeto de mercado comum do bloco está longe de ser atingido, representando, hoje, menos de 9% do comércio brasileiro. Os senadores criticaram a postura protecionista da Argentina e o acordo que o país vizinho fez recentemente com a China para a entrada de produtos manufaturados.

— Com efeito, os acordos assinados com a China terminaram por escancarar o mercado argentino para as manufaturas chinesas, mais competitivas que as brasileiras — afirmou Ferraço em seu discurso na segunda-feira (9)
Segundo o senador, o Brasil é uma das economias mais fechadas do mundo e precisa participar mais do comércio internacional, caso contrário, o Mercosul corre o risco de acabar.

— O Mercosul, que já chegou a representar aproximadamente 20% das nossas exportações, em 2014, viu esse número reduzir para 9%. Se nada for feito, estamos decretando morte ao Mercosul — alertou Ferraço, em aparte à senadora Ana Amélia na terça-feira (10).

A parlamentar pelo Rio Grande do Sul também lastimou a atitude da Argentina e a situação atual do Mercosul. Para ela, o bloco “estava na UTI”; agora, “tiraram os aparelhos e ele morreu de vez”.
— Essa morte foi determinada, no meu modesto ponto de vista, por um acordo feito pelo governo Cristina Kirchner com a China, acordo altamente lesivo ao comércio Brasil–Argentina e dentro do bloco do Mercosul — afirmou a senadora no discurso de terça-feira (10).

Em entrevista à Agência Senado, Cristovam Buarque disse duvidar do fim do Mercosul, em face dos fundamentos políticos e econômicos para a sua existência. Na opinião do senador, que já presidiu a CRE, o Mercosul entrou em crise por causa da realidade econômica da Argentina e do  Brasil e porque as presidentas dos dois países não possuem motivação ou vocação para assuntos internacionais.
— Sem esses dois países, o Mercosul fica insignificante — avaliou o Senador.
De acordo com Cristovam, que pretende continuar na CRE este ano, a comissão é um lugar muito importante para se debater o futuro do Brasil, mas é preciso sempre ter em conta a realidade global.

— Acabou o tempo em que o futuro do país se decidia internamente. Agora, ele é resultado de decisões planetárias — advertiu.

O senador deu como exemplo o movimento Parlamentares sem Fronteiras, criado por ele, em parceria com o indiano Kailash Satyarthi, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2014. Segundo Cristovam, a primeira reunião do movimento será no dia 27 de março, em Kathmandu, no Nepal, e o tema a ser discutido será Direitos das Crianças. Cristovam deu o crédito dessa ideia ao trabalho desenvolvido na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.


Fonte: Agência Senado (Retirado de Folha Vitória

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Acho muito interessante a notícia, pois nos mostra algumas críticas à recente atuação internacional do Brasil. Muitos criticam o governo Dilma por ter enfraquecido as relações que forma fortalecidas de maneira "ímpar" no governo Lula, principalmente pelas expectativas que se tinha de continuidade.
Entretanto, é preciso lembrar que esse discurso é de cada Senador, e não reflete a posição do Itamaraty ou do Governo (mesmo do Senado) como um todo. Falar em fim do MERCOSUL, por exemplo, é algo que oficialmente não ocorre. Então, não se deve fazer isso na prova!
Também é preciso saber que na prova (como em qualquer prova ou até seleção para empresas), você não vai falar mal do governo/da instituição. Sempre há coisas negativas para analisarmos, mas, ao abordarmos isso em uma questão (se formos fazer, principalmente fatos atuais) devemos ponderar MUITO.
Em suma: a notícia é informativa, mas não acho que pode acrescentar muito (além do fato de sabermos da necessidade de fortalecer o Mercosul...).

Abraços e fighting!

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